"Olha! Lá vai Mavi com o saxofone!"
"Por que faz tanto barulho?"
"Ele tem fome. Fome de devorar o mundo!"
Caminha resoluto. A noite afasta os babados da saia e ele passa com os olhos
marejando estrelas. As mãos de veias roxas, acostumadas aos movimentos dos
lábios, puxam o cigarro incendiário. Os passos trôpegos acompanham o
pensamento desenfreado. A solidão não o assusta. Abre um sorriso e parte a
cidade ao meio.
"Olha! Lá vai Mavi com o saxofone!"
Na primeira bodega pede uma lapada de cana. A menina olha e faz que não vê.
Tem pernas engraçadas, pernas de tereza. Olhos marejando sexus, plexus e
nexus. É um janota de botequim bem cuidado. A solidão sempre o
acompanha, ele sorri... E parte a menina ao meio.
Olha! Lá vai Mavi carregando seu saco de poesias. Distribui seus suspiros
entre as folhas de amendoeiras. Dedos negros de asfalto. O olho vesgo da
noite admite sua passagem. É um homem com uma dor. Quando as luzes acendem
não mais o encontrarão ali. A solidão o partiu ao meio.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Mavi e o saxofone
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4 comentários:
Um saco de poesia entupido de solidão só nossa, que não dá pra dividir...
Uma solidão que existe pra não nos deixar só...
Poesia que mexe com nossas fraquezas e forças!
Poesia que atormenta e acalanta!
Poesia e só!
Lá vem Mariazinha com suas palavras desconcertantes...
Ela é assim, inspiradora em corpo e palavras.
Se é irreversível ler, imagine...
Acho que era parabéns
Já passei por aqui, até história tua já continuei. E digo, imagético e visceral os ricos muros e estrelas, realmente é prosa boa, essa tua, Mariazinha.
Someone else could have lost some thing else but a poem like this could give us the feelings once again.
Kinda cangaceira, keep close!
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